ENTREVISTA COM ZAQUEU

A incrível conversa de um repórter com Zaqueu, conhecido como o publicano.

Freepick

– O que você faz atualmente?

– Trabalho na Receita, sou chefe de arrecadação.

– O que acha dos impostos no país?

– Apesar de necessários, reconheço que a carga tributária é pesada.

– E quanto as denúncias de fraudes por parte dos fiscais?

– Vergonhoso. São poucos os que monitoram nosso trabalho, e há profissionais que se beneficiam com propinas.

– Você tem conhecimento dessa trama interna?

– Sim, por um bom tempo fiz parte dela. Sei que hoje a necessidade de cargas tributárias maiores existem porque o Estado perde com esse tipo de corrupção.

– O que fez você mudar de ideia?

– Eu não mudei de ideia. Dentro de mim, sinto as vezes um forte desejo de voltar. Sou continuamente convidado pelos parceiros e me sinto tentado. É muito dinheiro de maneira fácil. 

– Porque não volta então?

– Percebi que, assim como há uma força que me move para um lado, há também uma que me move no sentido oposto.

– O que houve? O que provocou isso?

– Foi uma visita inesperada. Uma pessoa que recebi em minha casa… mudou tudo.

– Porquê inesperada?

– Eu vinha acompanhando os acontecimentos. Sempre procurava não me envolver muito. Eram muitas pessoas buscando respostas, e eu me escondia facilmente entre elas. Você sabe, as pessoas não gostam de funcionários da Receita. Mas aí, Ele me viu. 

– O que houve nesse encontro?

– Quando ele se dirigiu à mim eu não compreendi, pois havia muitas pessoas ali. Sou o mais velho de quatro filhos e meu pai exigia muito de mim e sempre tive a sensação de que nada estava bom. Ele sempre me dizia que se eu não me esforçasse, jamais seria alguém. Minha mãe amava muito meu irmão mais novo. Ele é um rapaz alto, de boa aparência que se deu bem na vida e nos negócios. Era estranho pra mim ser notado… 

(pausa)

– Mas o que houve no encontro?

(pausa e lágrimas) 

– Ele era uma pessoa especial para todos ali…  As pessoas queriam tocar nele, mas Ele veio falar comigo…. Todos ficaram me olhando. Percebi que estava cercado por olhares de acusação…

(pausa)

As pessoas perguntavam entre si: Porque ele? Porque este cobrador de impostos?
… mas eu estava me sentindo surpreendentemente seguro perto dele.

– O que ele fez para que se sentisse assim?

– Nada, ele apenas me notou e isso mudou tudo para mim.

– Ele é algum tipo de psicólogo ou coaching?

– Eu soube que era carpinteiro (risos).

– Mas isso é possível? Ele apenas te olhou e você se sentiu forte?

– Você não entende! Pessoas da minha idade que jogavam no time do colégio e hoje já são casados e empresários bem sucedidos, estavam ali me olhando. A pergunta é: O que eu era para Ele?

– Foi ele quem disse para você deixar os negócios escusos?

– Não! Ele nunca me disse nada. Em nenhum momento ele mencionou o certo ou o errado. O silêncio dele eram como gritos na minha alma. A simples presença dele bastava para que eu compreendesse tudo. É como se ele entrasse em mim através daquele olhar.

– O que você fez?

– Não sei se vou conseguir expressar… Não tenho noção de onde me veio tanta força. Primeiro desabei a chorar por me sentir tão amado por alguém. Isso era novo pra mim. Sei dizer apenas que minhas transgressões como pessoa e como profissional saltaram para fora com aquelas lágrimas quase intermináveis. Comecei deliberadamente a falar e colocar toda aquela escuridão para fora. Ele só me olhava! Ah! Aquele olhar intenso sinalizava perdão e aceitação. Eu me contorcia diante da bondade e da leveza. Em prantos, gritei como um louco: “as pessoas que roubei, as propinas que recebi, vou devolver todas… (pausa, silêncio e lágrimas)… Os pobres, pessoas que nunca notei e nunca me importei… vou socorrê-los em suas necessidades o quanto eu puder”.

(silêncio e lágrimas)

– O que ele disse a você sobre isso? 

– “Hoje veio salvação a esta casa, pois este também é filho”.

Por Mauricio Antonio


SOBRE O AUTOR

Mauricio Antonio é um profissional de artes visuais; trabalha com diversos artistas da música e é membro votante do Grammy Latino. Atualmente estuda psicologia na Universidade Filadelfia. Em suas horas vagas, adora escrever textos sobre sua fé no Deus Eterno, e a vida de seu Senhor, Jesus Cristo. É casado com Flavia Oliveira e tem uma filha, Carla Oliveira, que é sua grande parceira de trabalho.

O DIABO É O PAI DO ROCK?

Quando as teorias conspiratórias nos confundem e nos tiram a atenção

Delirious, banda de rock cristão do Reino Unido

Eu acredito que você já tenha visto pessoas vinculando roupas, cores, marcas e até determinados objetos ao Diabo. Para estes, ele está metaforicamente presente em coisas e em mensagens subliminares. Alguns até ganharam fama na internet fazendo rotação inversa de discos de vinil, extraindo frases e vozes assustadoras de um contexto misterioso. Raul Seixas foi o pioneiro em vincular o “Tinhoso” ao ‘rock and roll’. Em sua música “Rock do Diabo”, ele dispara: “O Diabo é o pai do rock”. Outros artistas seguem o “ritmo”, fazendo gestos, usando roupas com caveiras, demônios estampados, e tatuando seus corpos com imagens  macabras, levantando, assim, uma multidão de curiosos – opositores e defensores da tese de que a entidade faz parte ativa deste gênero musical.

O rock surgiu no final dos anos 40. Uma junção de estilos musicais, como: country, blues, R&B e gospel. O que não se pode negar é que o rock, como qualquer outra música, é uma combinação harmoniosa e expressiva de sons, ou seja, assim como o gospel que conhecemos na igreja, rock é música.

Eu não estaria errado em afirmar que pelo menos no aspecto patronal, o diabo não tem nada, pois ele não criou nada. Na verdade a bíblia diz que ele é pai sim, mas não do rock, e sim da mentira (João 8:44). Mentira que ele conta há muito tempo, desde seu encontro com Jesus no deserto: “tudo é meu – me adore e eu te dou” (Mateus 4:9). Isso mesmo! Ele se materializa quando damos crédito à ele – e Jesus não deu! E ele, ignorado, desapareceu: “resisti ao Diabo e ele fugirá de vós” (Tiago 4:7)

Ignorado também não significa não existente. Apesar de não agir diretamente em nós, pois “o maligno não nos toca” (1 João 5:18), suas ações são impetradas através daqueles que escolheram pertencer à ele: “Vocês pertencem ao pai de vocês, o diabo” (João 8:44). Enquanto estamos preocupados desenvolvendo teorias da conspiração, afirmando que o Capeta é dono – ou pai, disso ou daquilo, ele está a espreita construindo armadilhas e “forjando armas” (Isaías 54:17) para atacar usando seus comparsas de carne e osso. 

Este texto não é instrumento de aprovação ou desaprovação. Meu grande desejo é desconstruir aqui a ideia de potencializar o maligno dando a ele mais crédito do que devido. É uma tentativa de fazer com que ele desça alguns degraus do nosso conceito de poderio e influência maligna.  

Tenho duas perguntas que podem contribuir:

Não estaríamos, com nossa palavras, legitimando e outorgando poder ao Diabo ao afirmar que ele é patrono disso ou daquilo? 

Ao dar ênfase e poder ao inimigo, não estaríamos nós negligenciando o poder de nosso grande aliado?

“E despojando as autoridades e poderes malignos, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre todos eles na cruz”. Colossenses 2:15 (Bíblia King James atualizada)

Por Mauricio Antonio


SOBRE O AUTOR

Mauricio Antonio é um profissional de artes visuais; trabalha com diversos artistas da música e é membro votante do Grammy Latino. Atualmente estuda psicologia na Universidade Filadelfia. Em suas horas vagas, adora escrever textos sobre sua fé no Deus Eterno, e a vida de seu Senhor, Jesus Cristo. É casado com Flavia Oliveira e tem uma filha, Carla Oliveira, que é sua grande parceira de trabalho.


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O vírus que consome frequentadores de igrejas cresce e é inevitável uma pandemia de alienação

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Como é a vida para cada um de nós? Somos parte integral de uma sociedade, sem dúvida. Isso evoca o senso de responsabilidade e me faz ser mais atento ao indivíduo ao meu redor. Somos responsáveis pelo bem e mal social, simplesmente porque fazemos parte dele.
A epidemia de ignorância teológica causa uma alienação crônica nos cristãos modernos – não estou falando de curso de teologia – minha abordagem é sobre o conhecimento das escrituras, que é a base para a libertação da ignorância suicida e homicida: “meu povo sofre por falta de conhecimento”.
Meus olhos estão em mim, e em gente que se mata e mata o outro com omissão de responsabilidade individual e única.

– Estou encontrando dificuldades aqui.
– Vamos orar!

– Estou passando necessidade.
– Vamos orar!

– Estou doente
– Vamos orar!

O espectro da ignorância, que assombra a cristandade moderna, mostra que sofremos da síndrome de Caim: “Acaso sou eu responsável pelo meu irmão“?

Proponho que sejamos mais que isso. Ser alguém melhor que molda e não se amolda ao meio que vive.

Então, se seu quintal tiver itens que favorecem a proliferação da dengue, limpe! Agora! Faça antes que alguém “próximo” adoeça por essa irresponsabilidade. Se você comprar, pague! (de preferência não compre a cima do orçamento).
Se prometer, cumpra! (de preferência não prometa).
Se falar, assuma! (de preferência não fale… fique em silêncio).
Se não ama (sem problemas), mas não odeie.

Essas também são nossas missões.

Mauricio Antonio