Quando as teorias conspiratórias nos confundem e nos tiram a atenção
Eu acredito que você já tenha visto pessoas vinculando roupas, cores, marcas e até determinados objetos ao Diabo. Para estes, ele está metaforicamente presente em coisas e em mensagens subliminares. Alguns até ganharam fama na internet fazendo rotação inversa de discos de vinil, extraindo frases e vozes assustadoras de um contexto misterioso. Raul Seixas foi o pioneiro em vincular o “Tinhoso” ao ‘rock and roll’. Em sua música “Rock do Diabo”, ele dispara: “O Diabo é o pai do rock”. Outros artistas seguem o “ritmo”, fazendo gestos, usando roupas com caveiras, demônios estampados, e tatuando seus corpos com imagens macabras, levantando, assim, uma multidão de curiosos – opositores e defensores da tese de que a entidade faz parte ativa deste gênero musical.
O rock surgiu no final dos anos 40. Uma junção de estilos musicais, como: country, blues, R&B e gospel. O que não se pode negar é que o rock, como qualquer outra música, é uma combinação harmoniosa e expressiva de sons, ou seja, assim como o gospel que conhecemos na igreja, rock é música.
Eu não estaria errado em afirmar que pelo menos no aspecto patronal, o diabo não tem nada, pois ele não criou nada. Na verdade a bíblia diz que ele é pai sim, mas não do rock, e sim da mentira (João 8:44). Mentira que ele conta há muito tempo, desde seu encontro com Jesus no deserto: “tudo é meu – me adore e eu te dou” (Mateus 4:9). Isso mesmo! Ele se materializa quando damos crédito à ele – e Jesus não deu! E ele, ignorado, desapareceu: “resisti ao Diabo e ele fugirá de vós” (Tiago 4:7)
Ignorado também não significa não existente. Apesar de não agir diretamente em nós, pois “o maligno não nos toca” (1 João 5:18), suas ações são impetradas através daqueles que escolheram pertencer à ele: “Vocês pertencem ao pai de vocês, o diabo” (João 8:44). Enquanto estamos preocupados desenvolvendo teorias da conspiração, afirmando que o Capeta é dono – ou pai, disso ou daquilo, ele está a espreita construindo armadilhas e “forjando armas” (Isaías 54:17) para atacar usando seus comparsas de carne e osso.
Este texto não é instrumento de aprovação ou desaprovação. Meu grande desejo é desconstruir aqui a ideia de potencializar o maligno dando a ele mais crédito do que devido. É uma tentativa de fazer com que ele desça alguns degraus do nosso conceito de poderio e influência maligna.
Tenho duas perguntas que podem contribuir:
Não estaríamos, com nossa palavras, legitimando e outorgando poder ao Diabo ao afirmar que ele é patrono disso ou daquilo?
Ao dar ênfase e poder ao inimigo, não estaríamos nós negligenciando o poder de nosso grande aliado?
“E despojando as autoridades e poderes malignos, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre todos eles na cruz”. Colossenses 2:15 (Bíblia King James atualizada)
Por Mauricio Antonio
SOBRE O AUTOR
Mauricio Antonio é um profissional de artes visuais; trabalha com diversos artistas da música e é membro votante do Grammy Latino. Atualmente estuda psicologia na Universidade Filadelfia. Em suas horas vagas, adora escrever textos sobre sua fé no Deus Eterno, e a vida de seu Senhor, Jesus Cristo. É casado com Flavia Oliveira e tem uma filha, Carla Oliveira, que é sua grande parceira de trabalho.
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